DESTAQUES
NOVOS HORÁRIOS DE CONFISSÃO
CONFIRA:
SEGUNDA-FEIRA: 8h30 às 10h | 10h40 às 12h |15h30 às 18h | 18h40 às 19h.
SÁBADO: 8h às 13h | 16h às 19h30.
DOMINGO: 8h às 21h50.
CURSO DE FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS DO
BOM PASTOR – NÍVEL 1
LOCAL:
Paróquia Santa Generosa
Rua Afonso de Freitas, 49 (Próximo a Estação Paraíso)
DATA: 7 de agosto.
HORÁRIO: quartas, às 9h.
Os encontros serão semanais e presenciais (aproximadamente 20 encontros).
INSCRIÇÕES:
Clique aqui e faça a inscrição online!
INFORMAÇÕES:
Whatsapp: 11 94492-2015 (Sol)
Que o Bom Pastor o(a) abençoe!
PALAVRA DO PÁROCO
O que a Páscoa da Ressureição faz na vida do cristão!
Quero aproveitar este tempo pascal para meditar sobre o que a Páscoa da Ressureição faz na vida do homem do nosso tempo. Começo tomando o que escreveu o Papa Francisco no cartaz de Páscoa do Movimento Católico Comunhão e Libertação:
“Vemos, assim, o que faz a Páscoa do Senhor: impele-nos a seguir em frente, a sair da sensação de derrota, a rolar a pedra dos sepulcros onde muitas vezes encerramos a esperança, a olhar o futuro com confiança, porque Cristo ressuscitou e mudou a direção da História”.
Que força tem a Ressureição de Cristo! Ela nos impulsiona a seguir em frente apesar de toda a contradição e pecado que carregamos no dia a dia, a sermos esperançosos, confiantes no futuro, apesar das aparências dizerem que a vida não realiza aquilo que promete, ou que isso ou aquilo é impossível de se realizar. Temos de acreditar que tudo se torna possível, pois, com a Páscoa, Deus introduziu na história do homem a certeza do renascimento em coisas que aparentemente terminam.
No mesmo cartaz de Páscoa, há uma reflexão do Padre Luigi Giussani, fundador do Movimento Católico Comunhão e Libertação, que continua o pensamento de Francisco sobre a Ressurreição do Senhor: “O acontecimento cristão é Deus entrando na vida humana e na História. Eu sou cristão porque Ele, Deus, está presente entre nós e estará presente todos os dias até o fim dos tempos. Aquele menino cresceu, morreu e ressuscitou, e ressurgindo atrai irresistivelmente a Si pessoas cuja unidade constitui Seu Corpo, Corpo Místico, ou povo de Deus”.
A força da Páscoa é garantida pela entrada na História da companhia de Deus ao homem. Assim, o homem nunca está sozinho e nunca mais estará só, pois Ele resolveu fazer companhia àqueles que O reconhecem dentro da História. A isso chamamos de Igreja, o lugar daqueles que reconhecem e esperam a força de Deus.
Não é a força do homem decaído do pecado que dá a garantia da vitória sobre o pecado. O que nos dá a certeza é que Jesus, antes de partir deste mundo com sua Ascenção aos Céus, nos enviou o Espírito Santo Paráclito.
Nesses dias em que fiquei hospitalizado em uma UTI, pensei o quanto é gratificante a certeza de que não estamos sozinhos. Nossa missão é ser testemunha da glória e da presença de Cristo nas circunstâncias concretas que vivemos, levando esperança aos desesperançados, aos tristes, aos sofredores.
Sem a certeza da sua ressureição, tenderíamos a sentir a solidão, o medo, a desesperança, o desânimo. Quer vivamos, quer morramos, Ele preenche nossa vida de esperança. É muito bom fazermos a experiência de viver na sua doce presença sob qualquer circunstância da vida.
Padre Cássio Carvalho – maio 2024.
BOLETIM DE MAIO DE 2024
NOVE MISSAS NO DOMINGO NA SANTA GENEROSA
A maior expressão da nossa fé acontece no domingo na Santa Generosa. Nove missas são celebradas: 8h, 9h30, 11h, 12h30, 15h, 16h30, 18h, 19h30 e 21h. Confissões das 8h às 21h30.
VAGAS PARA A CATEQUESE BOM PASTOR
- Encontro pessoal e transformador com Jesus através da oração e trabalho;
- Formação cristã a partir dos 3 anos de forma concreta, com materiais montessorianos;
- Celebração da Sagrada Escritura na Liturgia com reverência, amor e humildade.
- Venha se encantar também!
Vagas para o ano todo:
Segundas, às 13h45 -> 3-5 anos
Terças, às 16h -> 3-5 anos
Vagas até o final deste mês:
Quartas, às 16h -> 8-10 anos
Quintas, às 16h30 -> 10-12 anos
Entrar em contato com a Sol pelo WhatsApp: (11) 94492-2015
OS PAIS SÃO SÓCIOS DE DEUS
Senhores papais e mamães, aproveitem a manhã de domingo para pensar um pouco no quanto vocês são importantes: vocês são sócios de Deus.
“Ora”, dirá alguém, “para que Deus precisa de sócios? Ele é onipotente e não precisa de nada, nem de ninguém”. É verdade, Deus não precisa. Mas é também verdade que Deus quis precisar dos pais.
O livro do Gênesis nos ensina que Deus criou o homem para que ele cultivasse o Paraíso, e, assim, completasse a sua obra. Esse pedido de Deus vale para todos os homens e mulheres. Mas os pais têm uma participação especial, porque são sócios na criação e formação de pessoas, e a pessoa humana é a maior obra da criação. São Tomás de Aquino nos ensina que a dignidade de uma única pessoa é maior que a de todo o universo. Cada pessoa é única, e é um reflexo de Deus que ninguém mais teve nem terá.
Essa sociedade dos pais com Deus começa com a geração, mas não termina aí, pois ela continua na educação e na formação dos filhos. Deus quer que todos sejam santos, e, portanto, a sociedade dos pais com Deus é um compromisso de educar os filhos para a santidade. E como os pais devem formar seus filhos? Em primeiro lugar, seguindo as inspirações que Deus (seu Sócio) lhes dá; depois seguindo conselhos como estes:
1) Pondo Deus na equação da vida diária: levando Deus em consideração em tudo o que a família faz. Um mundo sem Deus no quotidiano é uma aberração;
2) Nas dúvidas, seguindo o conselho de Santo Agostinho: ama, e faça o que quiseres. Se amamos realmente nossos filhos, se realmente queremos que eles sejam santos, saberemos sempre o que fazer;
3) Dando exemplo: lembrem-se que vossos filhos estão sempre te observando. Sejam um bom exemplo no que fazem, que eles serão também;
4) Fazendo com que a família seja um lugar tão agradável, tão belo, tão santo, que mesmo quando um filho se afastar, ele acabará voltando;
5) Sabendo ouvir. Os jovens têm muita coisa a dizer. Deus também os inspira, e é preciso que os pais saibam ouvir neles a voz de Deus. Ouvir muito antes de falar;
6) Corrigindo quando necessário. Corrigir os que erram é uma obra de misericórdia, e um dever dos pais;
7) Pedindo ajuda a outras pessoas capazes e de confiança. Mas lembrando sempre que a graça de estado é sua, e que é você que precisa decidir;
8) Lembrando-se que Deus nos dá os filhos para que os eduquemos, mas que eles não são nossa propriedade. Deus tem planos para eles que podem não ser os mesmos que você tem, mas que sempre serão melhores;
9) Pedindo ajuda aos pais mais perfeitos que já existiram: Nossa Senhora e São José. Eles souberam educar bem o Filho deles. Peça a eles que te ajudem a educar os seus.
Prof. Evandro Faustino
DURAÇÃO DE UMA CONFISSÃO
Durante o sacramento da Confissão a pessoa tem tempo para confessar todos os seus pecados? É preciso dar detalhes do pecado? A Confissão irá resolver todos os problemas da pessoa? Pe. Cássio Carvalho responde.
GLORIOSO SÃO JOSÉ
No 19 de março a Igreja interrompe a penitência da Quaresma para celebrar a solenidade de São José, Esposo de Maria. Para que não fiquemos apenas na devoção exterior, é necessário um aprofundamento pela meditação de sua vida e imitação de suas virtudes. Entre as invocações dirigidas ao Santo patriarca, há uma pouco conhecida, mas não menos vivida pelo Esposo da Santíssima Virgem, precisamente por lhe ser tão intima: “Padroeiro das almas interiores”.
Os Evangelhos falam-nos que ele era um homem justo e carpinteiro por ofício. Justo é aquele que tem consciência reta diante de Deus, que teme a Deus, vive em sua presença, fala com Ele mais do que com os homens. Assim foi o “Joseph justíssime”. Recordemos a sua perplexidade diante dos sinais de maternidade de sua santíssima Esposa: Que fazer? … Abrir-se com amigos? … Criticar? … Maledicência? … Não, isso nunca! Maria não merece e ele não quer julgá-la … Recolhe-se em Deus. Reza. Espera. E Deus lhe falou…
Na oficina de Nazaré, submisso a Maria e José, o “Menino crescia em idade e sabedoria”, diz-nos o Evangelho. Sabedoria é o “conhecimento saboroso das coisas divinas”, na linguagem poética de São Bernardo. E foi sob este aspecto de sabor que São José ensinava ao querido Filho de adoção o conhecimento das coisas criadas: elas vêm de Deus que é todo beleza e bondade; como, pois, não as amar! O conhecimento que não leva ao amor é vão; por isso exclamava o salmista: “saboreai e vede como é bom o Senhor” (Sl. 33,9) … Por certo, eram estes os pensamentos de São José quando de seus trabalhos no silêncio de sua carpintaria: rezava trabalhando e trabalhava rezando; ele não precisava mudar de ocupação para estar com Deus: tinha-O ao seu lado, como aprendiz e mestre. Na perfeição de suas obras, espelhava-se a beleza de sua alma recolhida.
Lições para nós. Nas angustias, dúvidas, dificuldades e incógnitas desta vida, ao invés de lamúrias, desabafos, críticas que põem em risco – quem sabe – a boa fama a que todos têm direito, por que não fazer uma visita ao Santíssimo, uma oração, balbuciar uma cascata de jaculatórias? …
De outra parte, seja qual for o trabalho que a Divina Providência nos reservou, façamo-lo com carinho, amor, perfeição, colocando alma nas coisas mais corriqueiras de cada dia. Isso é rezar! Isso é amar!
Possa o “Patrono das Almas Interiores” interceder por nós para que sejamos hoje e sempre almas de oração!
Padre José (Círculo de Espiritualidade em 2008).
O SACRAMENTO DA CONFISSÃO
Nesse tempo de Quaresma somos chamados à uma oração mais profunda, mais intensa, a conhecer melhor o que Jesus sofreu por cada um de nós e qual foi o preço de nossa redenção.
Nosso Senhor tem “sede” de aplicar os méritos que ganhou para nós na sua Paixão e Morte na Cruz, e é no sacramento do Batismo e da Confissão que nos são aplicados todos esses méritos. A Confissão nos dá a oportunidade de pedir perdão a Deus e de receber o seu amor e misericórdia. A sua misericórdia lava, por meio do sacerdote, a nossa miséria.
Desde crianças muitos de nós confessamos com frequência, graças a Deus, mas, às vezes, poderíamos preparar-nos melhor para fazer uma boa confissão e, assim, tirarmos mais proveito desse sacramento.
Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, devemos fazer um exame de consciência para reconhecer os nossos pecados e o que, na nossa vida, não está de acordo com a lei de Deus: perceber “o quando, o como e em que” tenho ofendido a Deus e aos irmãos. Segue-se o arrependimento, ele é necessário para receber o perdão; o arrependimento nos leva a pensar em algum propósito para melhorar.
Há várias orações de arrependimento que são conhecidas como os “atos de contrição”, alguns deles seria bom decorar, por exemplo: “Oh meu bom Jesus, que por mim morreste na Cruz, perdoa meus pecados e ajuda-me a não pecar mais”.
Podemos iniciar a Confissão com esta frase: “Abençoai-me, Padre, porque pequei!”; esta frase nos ajuda a, humildemente, abrir o nosso coração. Depois de declarar os pecados ao sacerdote, que ocupa o próprio lugar de Cristo, recebemos a absolvição e cumprimos a penitência que o sacerdote nos impõe para completar o sacramento.
Os frutos da Confissão são muitos, ademais de aumentar em nós a amizade com Deus (é a graça santificante), nos ajudam a combater as tentações dos pecados declarados, quando estas tentações se apresentarem de novo, assim iremos tornando-nos mais “vigilantes” (é a graça atual).
O aproveitamento dessas graças é proporcional ao grau de arrependimento do penitente. Para que o sacramento da Confissão possa realmente ser eficaz em nossas vidas, é necessário consolidar as mudanças, ou seja, pôr em prática os propósitos formulados na Confissão.
O que costuma acontecer após uma Confissão bem feita é a alma sentir-se com mais forças para enfrentar sua luta diária, além de experimentar uma grande paz e alegria interior.
É muito aconselhável, tanto para conseguirmos a conversão de nossas almas quanto para obtermos uma santa confissão, recorrer a Nossa Senhora, “Refúgio dos Pecadores”, “Consoladora dos Aflitos” e “Mãe da Misericórdia”.
(Colaboração de Maria Angeles)
VIA SACRA EM SANTA GENEROSA
Quaresma é tempo de meditar na via dolorosa, na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Até aqueles que estão impossibilitados de ir à igreja podem rezar a via sacra em casa. Aqui em Santa Generosa ela é feita todas as sextas-feiras às 11h e às 17h.
REZAR É EXPOR-SE AO SOL
A oração não se restringe em proferir palavras a Deus, mas em nos colocarmos amorosamente diante Daquele que sabemos que nos ama, como afirmou Santa Teresa de Jesus, grande mestra da vida espiritual.
Segundo esta linha de pensamento, o Padre Henri Caffarel, no seu livro Presença de Deus, 100 cartas sobre a Oração, sublinhou que a oração é “um encontro de amor”. Quem ama alguém de verdade não mede esforços para estar em comunhão com a pessoa amada. Desse modo, o descaso e o desinteresse pela vida de oração revelam o pouco amor que temos por Deus. Vivemos como rezamos e rezamos como vivemos. Tal é a nossa oração tal é a nossa vida.
A oração não deve ser “uma a mais” em meio às atividades cotidianas, mas aquilo que substancialmente permeia todo o nosso agir. Algumas pessoas alegam que não rezam por falta de tempo: “Se der tempo vou rezar”. Essa afirmação é um disparate, pois não se trata de uma questão de tempo, mas de prioridade, visto que o próprio tempo pertence a Deus. Não é a oração que deve ser integrada ao trabalho, e sim o trabalho é que deve ser integrado à oração.
Quem realmente ocupa o centro da minha vida? Meus afazeres ou Deus? Jesus deu um diagnóstico preciso acerca das prioridades de Marta: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas” (Lc 10, 41). O que perturbava a vida de Marta segundo Jesus? Inquietação e preocupação! Não seria esse o diagnóstico da sociedade pós-moderna? Estamos rodeados de pessoas ansiosas e agitadas que mais se preocupam do que se ocupam, trabalham, mas não produzem. Trabalhar sem rezar resulta em frustração. “Se o senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (Sl 126, 1). Marta trabalhava sem rezar, sem sentar-se aos pés do Senhor. Ela teve a petulância de querer alimentar o Pão da Vida sem antes sentar-se aos pés d’Ele para se alimentar da sua Palavra. Ela laborava com fome, por isso que estava agitada e preocupada. Jesus não criticou o trabalho de Marta, mas a atitude dela ao escolher os seus afazeres como a melhor parte da sua vida. Marta esqueceu que antes da ação, vem a oração. “Nada se deve antepor ao amor de Cristo”, já dizia São Bento. E sabendo que rezar é amar, nada se deve antepor à oração.
Segundo o Padre Henri Caffarel, na oração o orante se expõe diante de Deus. Antes de começar a rezar, Deus já está lhe esperando. É Ele quem age primeiramente. Pontuou o fundador das Equipes de Nossa Senhora: “E é muito provável que a ação de Deus seja mais importante que a sua”. Para descrever a ação de Deus na oração, Henri Caffarel utilizou a metáfora do sol: “Quando tomamos um banho de sol, não precisamos nos preocupar para que ele nos aqueça e penetre. Basta que estejamos expostos à sua irradiação”. Destarte, rezar é expor-se ao Sol! E essa Luz é Cristo, “o Sol nascente que nos veio visitar” (Lc 1, 78).
Padre Antonio Torres, Pároco da Paróquia São Pedro e São Paulo do Morumbi.
COMUNHÃO PARA ENFERMOS
Iniciativa da Paróquia Santa Generosa. Pe. Cássio vai até os hospitais que fazem parte da jurisdição paroquial e ministra a unção dos enfermos. Depois envia ministros para levarem a comunhão todos os dias.
VÍDEOS RECENTES
Playlist
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eventos
palavra do pároco
O QUE A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO FAZ NA VIDA DO CRISTÃO!
Quero aproveitar este tempo pascal para meditar sobre o que a Páscoa da Ressureição faz na vida do homem do nosso tempo. Começo tomando o que escreveu o Papa Francisco no cartaz de Páscoa do Movimento Católico Comunhão e Libertação:
“Vemos, assim, o que faz a Páscoa do Senhor: impele-nos a seguir em frente, a sair da sensação de derrota, a rolar a pedra dos sepulcros onde muitas vezes encerramos a esperança, a olhar o futuro com confiança, porque Cristo ressuscitou e mudou a direção da História”.
Que força tem a Ressureição de Cristo! Ela nos impulsiona a seguir em frente apesar de toda a contradição e pecado que carregamos no dia a dia, a sermos esperançosos, confiantes no futuro, apesar das aparências dizerem que a vida não realiza aquilo que promete, ou que isso ou aquilo é impossível de se realizar. Temos de acreditar que tudo se torna possível, pois, com a Páscoa, Deus introduziu na história do homem a certeza do renascimento em coisas que aparentemente terminam.
No mesmo cartaz de Páscoa, há uma reflexão do Padre Luigi Giussani, fundador do Movimento Católico Comunhão e Libertação, que continua o pensamento de Francisco sobre a Ressurreição do Senhor: “O acontecimento cristão é Deus entrando na vida humana e na História. Eu sou cristão porque Ele, Deus, está presente entre nós e estará presente todos os dias até o fim dos tempos. Aquele menino cresceu, morreu e ressuscitou, e ressurgindo atrai irresistivelmente a Si pessoas cuja unidade constitui Seu Corpo, Corpo Místico, ou povo de Deus”.
A força da Páscoa é garantida pela entrada na História da companhia de Deus ao homem. Assim, o homem nunca está sozinho e nunca mais estará só, pois Ele resolveu fazer companhia àqueles que O reconhecem dentro da História. A isso chamamos de Igreja, o lugar daqueles que reconhecem e esperam a força de Deus.
Não é a força do homem decaído do pecado que dá a garantia da vitória sobre o pecado. O que nos dá a certeza é que Jesus, antes de partir deste mundo com sua Ascenção aos Céus, nos enviou o Espírito Santo Paráclito.
Nesses dias em que fiquei hospitalizado em uma UTI, pensei o quanto é gratificante a certeza de que não estamos sozinhos. Nossa missão é ser testemunha da glória e da presença de Cristo nas circunstâncias concretas que vivemos, levando esperança aos desesperançados, aos tristes, aos sofredores.
Sem a certeza da sua ressureição, tenderíamos a sentir a solidão, o medo, a desesperança, o desânimo. Quer vivamos, quer morramos, Ele preenche nossa vida de esperança. É muito bom fazermos a experiência de viver na sua doce presença sob qualquer circunstância da vida
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – maio/2024
TODAS AS TARDES UM ENCONTRO COM CRISTO
Todos os dias de terça à sexta-feira, quando o relógio marca 15h, inicia-se uma jornada que transcende a rotina comum. Na região do bairro do Paraíso, os oitos hospitais que pertencem à jurisdição territorial da Paróquia de Santa Generosa se tornam cenário de uma missão que carrego com fervor: levar conforto aos enfermos, àqueles que sofrem, àqueles que clamam pela presença divina em suas vidas. Em outras palavras, levar o próprio Cristo através da Comunhão, Unção dos Enfermos e o sacramento da Reconciliação.
Esse ministério, que abracei com o coração e a alma, revelou-se uma fonte inesperada de ensinamentos e transformações. A cada visita, a cada olhar cruzado, cada palavra de conforto trocada, percebo uma verdade profunda: eu, na intenção de servir, acabo por ser servido. Na fragilidade de cada enfermo, descubro a face de Cristo, e é nesse encontro que minha fé se aprofunda e se renova.
Acredito, com todas as fibras do meu ser, que a força de um sacerdote consiste em tomar consciência que todo o seu trabalho é reconhecer a presença real de Cristo em tudo o que o Ele realiza. A verdadeira essência do sacerdócio revela-se também nos corredores dos hospitais, no toque acolhedor, no olhar que escuta. É na vulnerabilidade dos doentes que encontro a força da fé, uma fé que se manifesta diariamente através daqueles que muitos consideram frágeis.
Esses encontros diários transformaram minha vida de uma forma que nenhuma palavra é suficiente para descrever. Os doentes, com suas histórias, lutas e esperanças, ensinam-me sobre a essência da humanidade, sobre a importância da compaixão e do serviço desinteressado. Eles me lembram que, mesmo nos momentos de maior fragilidade, existe uma Luz que nunca se apaga, porque Cristo está ali incondicionalmente, fazendo companhia para eles, pois o Senhor da vida jamais abandona quem coloca a sua confiança nele.
Hoje posso afirmar com convicção que minha missão, nossa missão, vai além de cuidar do espírito; estende-se ao cuidado do corpo e da alma. Os doentes, em sua aparente vulnerabilidade, oferecem-nos um presente inestimável: uma fé renovada, um sentido de propósito e a certeza de que, no serviço ao próximo, encontramos a verdadeira face de Deus.
E, assim, todos os dias de terça à sexta feira, a partir das três da tarde, renovo minha fé e reafirmo minha missão, ciente de que, ao visitar os enfermos, estou não apenas cumprindo um dever, mas também recebendo uma bênção e uma lição de vida que só o coração verdadeiramente aberto pode compreender, pois o Verbo de Deus se fez carne e habita entre nós. E através do encontro com o doente, vemos a Sua glória.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – abril/2024
QUARESMA – TEMPO DE CONVERSÃO, PENITÊNCIA E CARIDADE!
A Quaresma começa sempre na Quarta-feira de Cinzas, dia em que o sacerdote impõe as cinzas em forma de cruz na testa ou na cabeça do fiel e diz: “Lembra-te de que és pó e ao pó voltarás” ou “converta-te e crê no Evangelho”.
O termo Quaresma remete aos quarentas dias que Jesus ficou no deserto antes de começar sua missão na terra; também faz lembrar os quarenta anos que o povo de Deus ficou no deserto antes de adentrar a terra prometida. Para nós, são os quarenta dias de preparação para o mistério da Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo, mistério central da fé que, com o nascimento de Jesus no Natal, completa a revelação de Deus ao mundo.
Quaresma é tempo de conversão, e a conversão nada mais é que voltar o olhar para Deus e termos consciência de nossa finitude; por isso, o apelo na quarta-feira de cinzas é para nos lembrarmos de que somos pó e ao pó voltaremos.
Vivemos tempos difíceis. Tiramos Deus do centro de nossas vidas e colocamos as coisas mundanas; passamos a maior parte do tempo lutando e correndo atrás de coisas que passam, como o dinheiro e os prazeres efêmeros, e as tornamos tão fascinantes, que elas começam a determinar os rumos de nossa vida.
É impressionante como hoje as mídias sociais roubam o espaço e o tempo de qualquer convivência saudável em família. Julgo dizer que as mídias praticamente eliminaram a convivência familiar. Dificilmente se sentam à mesa todos juntos em casa, e quando isso ocorre, se tem sempre a companhia da televisão, do celular, prejudicando, assim, qualquer possibilidade de diálogo, de interação entre pais, filhos, avós, irmãos…
Quaresma é tempo de penitência e de jejum; a Igreja pede que na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa sejam cumpridos o jejum e a abstinência de carne, um gesto simples para educarmos nosso corpo e fortalecermos a alma. É mais uma prática que nos ajuda a compreender que “nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra da boca de Deus”.
É também tempo de olharmos para o sofrimento de Jesus na Cruz. Nesse sentido, a Igreja nos chama ao exercício da via sacra. Aqui em Santa Generosa ela é feita todas as sextas-feiras às 11h e às 17h. A Igreja na Sexta-feira da Semana Santa coloca como o dia especial para pensarmos e celebrarmos a morte de cruz de Jesus através da via sacra na parte da manhã e, à tarde, às 15h, a celebração da paixão em todas as igrejas do mundo.
A quaresma também é um tempo propício para a confissão sacramental. Como católicos de fato e de direito, devíamos nos confessar pelo menos uma vez por ano e comungar pela Páscoa da Ressurreição. Aqui em nossa paróquia, a confissão é possível todos os dias e com diferentes sacerdotes.
Também é um tempo para olharmos para o irmão; Quem ama a Deus que não vê, deve expressar este amor ao irmão que vê, especialmente o mais necessitado. Façamos desta Quaresma mais uma oportunidade de exercitarmos nossa generosidade.
Nesse sentido, quero propor um gesto de caridade para com a Missão Belém que, por meio de um trabalho de evangelização e busca da recuperação física, emocional e espiritual, busca ajudar os moradores de rua a sair da situação de miséria. Seu desafio agora é construir uma casa para acolher os moradores de ruas com problema de saúde, e você pode ajudar trazendo ao bazar roupas e objetos de sua casa que já não lhe servem.
Outra entidade necessitada de nossa atenção é a das Voluntárias da Caridade que, na paróquia, distribui alimentos para famílias carentes. Quem quiser pode fazer suas doações em alimentos ou em dinheiro diretamente na secretaria de nossa Paróquia.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a responder com generosidade a este tempo de penitência, esmola e conversão.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – março/2024
O HOSPITAL COMO LUGAR DE MISSÃO: “EU ESTIVE DOENTE E VÓS ME VISITASTES”
Há mais de dois mil anos, Jesus deu uma incumbência aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e anunciai a Boa-Nova do Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15-18), e os discípulos continuaram anunciando o Reino de Deus até os nossos dias.
De todas as formas possíveis, a igreja de Santa Generosa tenta responder a este apelo de Nosso Senhor Jesus Cristo, e um dos lugares desta sua importante missão são os hospitais. Atendemos aos enfermos de oito hospitais em nossa região: HCor, Oswaldo Cruz, Sancta Maggiore, Maternidade Santa Joana, Santa Rita, Maternidade Santa Maria, Hospital São Rafael e Hospital da Luz.
Buscamos atender a todos os pedidos de visitas que nos chegam através da secretaria paroquial. Em primeiro lugar, o sacerdote vai até o hospital e avalia as necessidades de cada paciente e, em geral, lhe oferece os Sacramentos da Unção dos Enfermos, da Confissão e da Eucaristia. Depois, a partir de sua necessidade e disposição, lhe dá a opção de, durante o período de internação, ser acompanhado pelos ministros da Paróquia, para a comunhão diária ou quando a desejar.
Um grande encontro sempre acontece quando respondemos positivamente ao mandato de visitar os doentes. Jesus diz, na ocasião em que pregou a parábola dos talentos: “porque eu estive doente e tu me visitastes” (Mt 25, 36). Este é o grande mistério! Ao visitarmos um doente, visitamos o próprio Cristo, e o paciente comunica, pelo seu sofrimento, pela sua dor, o grande amor que ele nutre por Cristo, Nosso Senhor, e por Nossa Senhora. A realidade do sofrimento nos obriga a pensar o quanto é misteriosa a vida quando Deus faz parte dela!
Aprendo muito nessas visitas! Primeiro, busco estar sempre aberto para o que o Senhor quer me falar através do doente. E Ele sempre fala! Algumas experiências de visita me marcaram muito nestes últimos tempos; quero citar duas:
Ouvi de uma jovem, muito dinâmica e cheia de vida, que os médicos lhe informaram que sua doença estava em estágio muito avançado e a medicina nada mais podia fazer. Apesar do veredito, ela estava serena; vivia um momento de total entrega aos desígnios de Deus e confiava em um milagre. Diante dessa jovem tão convicta da misericórdia divina, deixei o hospital radiante e esperançoso, pois, tal como aquela jovem, também eu desejo ser livre das amarras deste mundo. Confiar com todas as forças em Deus muda a maneira como enxergamos as adversidades e vivemos o sofrimento, e nos torna livres e fortalecidos. Chegar a esse estágio, contudo, é graça dos Céus!
A segunda experiência que me tocou profundamente foi a de uma paciente em estágio terminal. Praticamente abandonara a Igreja Católica para entrar em outra igreja que lhe prometera a cura. Passados alguns anos, a doença foi se agravando e a promessa não se concretizou. Ela desejava muito receber a Unção dos Enfermos e se reconciliar com a Igreja Católica. Quando cheguei ao quarto de hospital, lá estavam as duas filhas de aproximadamente vinte anos e outras seis pessoas; todas rezavam. A intensidade de voz e o fervor de todos me deixaram impressionado! Ouvi a confissão da paciente e lhe dei a Unção dos Enfermos; ainda que estivesse com bastante dificuldade de engolir, ela fez questão de receber a comunhão e se reconciliar com Deus. Nessa hora, me veio à mente a história do paralítico de Cafarnaum – Jesus o curou após ver a fé dos homens que o desceram pelo telhado da casa: “[…] vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: […] ‘eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa’.” (Mc 2, 1-11). Eu também vi a fé daqueles que rezavam para que aquela mulher pudesse se reconciliar com a Igreja e ser acolhida por Deus.
Convido você a também fazer a experiência de contemplar o mistério que o Senhor quer realizar na vida de quem visita um paciente por causa d’Ele. Se quiser fazer isso de forma institucional, convido-o a se tornar ministro dos enfermos na Paróquia Santa Generosa – ou na paróquia em que frequenta. Tudo bem se quiser fazer isso por pura caridade. Só não perca esta magnífica oportunidade de encontrar Deus no sofrimento do outro. Tenho certeza de que, como o Senhor fala comigo através das visitas aos enfermos, falará também com você, e então receberá a recompensa de ver que, para Ele, tudo é possível!
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – fevereiro/2024
“O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS.” A BOA-NOVA QUE REVOLUCIONOU A HISTÓRIA!
Em toda a sua trajetória, a humanidade se vê diante da relação entre sua realidade efêmera, transitória e o sentido último dessa realidade. Sempre procura imaginar, entender o nexo entre a própria efemeridade, sua finitude, o eterno e infinito. Está sempre em uma incansável busca por algo que o transcenda, algo que seja capaz de suplantar, de exceder sua condição humana, material, temporária, fugaz, breve.
Assim se explica a intrínseca religiosidade que nos acompanha desde os tempos mais remotos. Esse senso religioso nada mais é do que a natureza original do homem, que desde sempre se questiona sobre qual o significado último da existência. Por que a dor, o sofrimento, a morte? O que faz valer a pena viver? As religiões nada mais são do que tentativas de encontrar respostas a essas questões arraigadas, natas, em cada coração humano, e de aproximá-lo ao máximo de Algo. Esse algo, quer tenhamos consciência ou não, quer acreditemos ou não, é Deus.
No judaísmo, tradição religiosa que deu origem ao cristianismo, Deus falou pelos patriarcas e profetas, conforme relatado no Antigo Testamento. A tradição judaica diz que nunca Deus se revelou assim a nenhum outro povo; não existe nenhuma nação que tenha um Deus tão poderoso que fez o seu povo escolhido sair da escravidão do Egito. No Antigo Testamento, o homem buscava a Deus, e Deus se deixava ser encontrado ao manifestar-se através dos profetas e patriarcas.
O Natal que nós cristãos celebramos é um acontecimento extraordinário não apenas por se tratar de um grande mistério, mas porque rompe a lógica de busca dos homens a esse sentido maior, sobrenatural da existência – qual seja, não é mais o homem em busca de Deus, mas Deus em busca do homem. Por meio de uma menina chamada Maria, Ele se faz homem e revela-se Ele mesmo como Deus e como homem, em humanidade e divindade, em glória e miséria, aos homens.
No mistério da Encarnação está a verdadeira reviravolta, pois não estamos mais dependentes de nossa insuficiência para buscá-lo! É Ele que nos busca. É Ele que vem até nós através do próprio Filho. Resta-nos saber encontrá-lo, pois encontrar verdadeiramente o sentido da existência – que é a grande pretensão de todos os homens, cristãos ou não – só é possível se buscarmos o Filho de Deus feito homem. Ele se deixa encontrar por todos e todos os dias nos acontecimentos mais primários do nosso cotidiano. A questão agora não é mais procurar Deus em meio aos pensamentos humanos e bens materiais mundanos, mas saber reconhecê-lo em cada fragmento do nosso viver. Ele veio no Natal, habitou entre nós e permanece no meio daqueles que acreditam em sua presença.
O conteúdo do anúncio cristão é este: um homem que, vivendo como outro qualquer, comendo, caminhando, ensinando, curando, pregando, declarou: “Eu sou o seu destino. Eu sou Aquele do qual todo o Cosmo é feito; eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida.” Esse é objetivamente o único caso da História em que um homem não atribuiu a si mesmo uma genérica divinização, mas se identificou substancialmente como Deus, ainda que em sua condição humana.
Por isso, aumentemos a nossa fé no mistério maior da Encarnação, rezando piedosamente o Ângelus todos os dias (ao meio-dia e às dezoito horas):
“O Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu pelo Espírito Santo; eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra; e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós!”
O sentido, a beleza da vida que tanto ansiamos é reconhecê-lo presente e atuante em nosso meio. A Boa-Nova é que já não estamos sós, pois Deus veio habitar entre nós. Vamos nos preparar com muita dedicação e fervor para o Nascimento de Cristo!
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – dezembro/2023
“DAI, POIS, A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS.” (MT 22, 21).
As controvérsias dos poderes religiosos da época de Jesus nos ajudam a entender a importância e o papel do cristianismo no mundo. Na tentativa de armar uma cilada para condenar Jesus à morte, participaram um grupo religioso, os fariseus, e um grupo político, os partidários de Herodes. A questão era se devia pagar ou não imposto a César, o imperador Romano. Qualquer resposta de Jesus o incriminaria, seja diante das autoridades políticas da época, seja diante dos que esperavam a libertação do povo de Israel do domínio romano.
Se fosse reconhecido como lícito pagar imposto a César, estaria tomando o partido dos romanos em detrimento dos judeus. Do contrário, estaria subvertendo e contrariando o poder de César, e seria tido como um subversivo, um revolucionário, digno de condenação à morte.
Mas Jesus conseguiu tomar uma posição inimaginável, e que iria determinar a posição do cristianismo ao longo de toda a História: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Mt 22, 21).
O dilema sobre até onde vai o poder mundano e o alcance e merecido lugar do poder Divino sempre esteve presente na história, determinando o papel do cristianismo na sociedade e a forma de viver dos cristãos.
Essa mesma questão reaparece, por exemplo, no julgamento da nossa querida mártir Santa Generosa e seus onze companheiros, decapitados no ano de 180, conforme escrito em “As atas dos mártires de Scili”.
O então inquisidor, o Procônsul Saturnino, depois de algumas ponderações, disse: “Nós também somos religiosos, e simples é a nossa religião; juramos pelo gênio de nosso senhor imperador e imploramos por sua saúde, o que você também deve fazer”.
Esperanto, um dos dozes cristãos envolvidos no processo, respondeu-lhe: “Não reconheço o império deste mundo, mas sou um servo daquele Deus a quem nenhum homem jamais viu, nem pode ver com estes olhos. Não cometi nenhum furto, e quando compro alguma coisa, pago o imposto, porque conheço meu Senhor e Imperador dos reis de todas as nações.” Donata, complementou: “Honra a César como a César, mas temor somente a Deus.” Véstia reiterou: “Eu sou uma cristã”; e Segunda afirmou: “O que eu sou, isso eu quero ser.”
Nesse diálogo, onde cada um reafirma a sua identidade cristã, o Procônsul Saturnino faz a última tentativa para tentar mudar a posição dos que estavam sendo julgados: “Vocês não querem um tempo para refletir?”
A tentativa era clara: queria que repensassem na razoabilidade de sua proposta, pois bastava-lhes oferecer sacrifícios ao imperador e tudo estaria resolvido. Esperanto estava resoluto: “Numa coisa tão justa não há razão para mudar de opinião.” Saturnino ainda tentou persuadi-lo: “Atrase trinta dias e pense novamente”. E ouviu como resposta: “Eu sou cristão.” E com ele todos concordaram.
Diante de tanta firmeza dos cristãos, o Procônsul Saturnino pronunciou a sentença: “Esperanto, Nartzalo, Citino, Donata, Véstia, Secunda e os outros que confessaram professar a religião cristã, pois apesar de ter-lhes sido oferecida a faculdade de retornar ao romano costume, obstinadamente perseverando, eles são condenados a serem mortos pela espada.” Esperanto disse: “Damos graças a Deus.” Nartzalo comemorou: “Hoje somos mártires no Céu. Graças a Deus!”
A questão da perseguição e do martírio é a mesma que enfrentamos em todos os tempos, apenas com a diferença de que hoje, pelo menos no Brasil, não somos condenados à morte física por nossas convicções religiosas, mas colocados à parte, ridicularizados, considerados alienados e fora do mundo.
Hoje o novo imperador não quer mais o culto a si como Deus, mas, com astúcia, opera para que toda a lógica humana seja guiada pelo interesse material, pelo sucesso econômico, pelo consumo, pela acumulação, pelo possuir. Devemos estar atentos ao que estamos dando mais valor em nossa vida: ao poder terreno e suas promessas ou ao poder de Deus?
Vivemos num mundo quase ateu, pois, para a maioria até mesmo dos cristãos, Deus parece estar relegado a segundo plano em suas realidades. O cristianismo foi reduzido a uma devoção pessoal, e muitos, voltados aos próprios e mundanos interesses, acham que Deus não deve participar, muito menos influenciar na vida social – e negam a Ele o que é absolutamente dele!
Os testemunhos dos nossos primeiros mártires nos ensinam uma radicalidade na vida. Temos de ter em mente que somos como todos os cidadãos deste mundo, porém pertencemos a um outro mundo. Estamos provisoriamente nesta terra, que é um pequeno ensaio do que será na nossa pátria celeste. Não nos descuidemos de dar ao mundo terreno e ao mundo espiritual o valor que lhe é devido, pois a resposta de Jesus contempla a obediência à autoridade civil, desde que legítima e em consonância com as leis de Deus.
Reflitamos sobre o ideal de vida (terreno ou divino) que perseguimos, pois Jesus nos adverte: “de que adianta o homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?”.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – novembro/2023
VOCÊ CONHECE O PODER DA MISERICÓRDIA DIVINA?
A experiência dos discípulos com Jesus era tão fascinante que Pedro, por iniciativa própria, aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18, 21).
Na verdade, Pedro fez a pergunta já antecipando a resposta que julgava a mais acertada. O que respondeu, no entanto, contrariava a lógica da lei judaica, segundo a qual a ofensa se pagava na mesma moeda. Repare nesse ponto: como ele podia dizer “até sete vezes” se, como judeu, ele sabia que era olho por olho, dente por dente?
Ele disse porque não apenas presenciava o dia a dia de Jesus, que caminhava com pobres e pecadores, como também ele, Pedro, fizera uma profunda experiência de sentir-se abraçado por Jesus na sua pobre humanidade. Quem não se lembra da passagem do Evangelho, aquela da pesca milagrosa, em que ele pediu a Jesus que se afastasse dele pois era um pecador? Jesus não apenas não se afastou dele como o manteve o mais próximo que pôde de seu apostolado, tornando-o mais tarde alicerce de sua Igreja.
À pergunta feita e respondida pelo próprio Pedro, Jesus surpreende a todos ao colocar outra medida: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Ou seja, perdoar, perdoar infinitamente! Como isso é possível? A resposta é a mesma que o anjo Gabriel deu a Maria quando ela quis saber como se realizaria a sua concepção se não conhecia homem algum: “Para Deus tudo é possível!”. Só a misericórdia divina torna possível coisas que para o homem parecem impossíveis, como perdoar sem medida ao seu irmão.
Deus é a pura misericórdia. Essa é a razão pela qual Jesus insiste tanto para que sejamos misericordiosos e saibamos perdoar sem medida: se somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não podemos ser tão diferentes d’Ele.
As guerras, as confusões, os atritos, sejam de que ordem for, revelam o quanto estamos distanciados dessa imagem divina e o quanto precisamos trabalhar o dom do perdão. Quando estive anos atrás na Terra Santa, fiquei admirado com o impacto do ódio e da guerra na vida das pessoas; observei uma impossibilidade total de convivência entre judeus e palestinos.
Agora, assistimos à guerra de Ucrânia x Rússia. Muitas são as tentativas da Igreja em promover a paz entre os dois povos. Recentemente, o Bispo Dom Felipo Santoro, membro do Movimento Comunhão e Libertação, esteve em Kiev e em Moscou, e encontrou as comunidades religiosas locais profundamente divididas, um sentimento que se nutre dessa guerra, desse ódio desmedido.
Certamente não temos o poder de pôr fim ao conflito, mas podemos criar uma cultura de paz a partir do lugar em que estamos, ou seja, em nosso meio, em casa, na comunidade, entre os vizinhos, na escola, no trabalho, em nosso convívio de todos os dias. A verdadeira cultura da paz nasce da nossa disposição de perdoar, de relevar. Qualquer que seja a medida da ofensa, o perdão, a caridade, a tolerância precisam ser incomensuráveis, precisam ter a medida de Deus: “até setenta vezes sete”, como respondeu Jesus.
Enche-me de satisfação ver o número crescente de fiéis a esperar a vez na fila da confissão na Paróquia Santa Generosa. Essa é uma prova importante de que reconhecemos as nossas faltas e o quanto somos pródigos da reconciliação com o Pai. Imploramos a compaixão divina para nossas transgressões, mas muitas vezes não nos compadecemos do outro. Em que nível está nossa compaixão no dia a dia, como reagimos às pequenas, médias, grandes contrariedades que familiares, conhecidos, desconhecidos e amigos nos causam a todo momento? Explodimos por qualquer coisa, guardamos mágoas?
Aprendamos a exercitar a capacidade de acolher, de abraçar o outro tal como somos acolhidos e abraçados no Sacramento da Confissão pelo próprio Cristo. Não nos esqueçamos de que as guerras, os grandes conflitos (a maioria, senão todos) são gerados a partir de pequenas atitudes de intolerância, inclemência, inflexibilidade. No final do discurso que fez ao Movimento Comunhão e Libertação, em 15 de outubro de 2022, o Papa Francisco declarou: “Convido-vos a acompanhar-me na profecia pela paz – Cristo, Senhor da paz! O mundo, cada vez mais violento e guerreiro, assusta-me! Digo-o verdadeiramente: assusta-me!”
Sejamos capazes de responder ao apelo do Papa Francisco, e isso passa necessariamente pelo aprofundamento de nosso relacionamento diário com Cristo misericordioso e com os irmãos. Se de um lado o ódio tem o poder de macular, de destruir nossa semelhança com Deus, a misericórdia tem um poder inimaginável: pode nos ajudar a vencer o ódio, a intolerância, a incapacidade de perdoar; pode nos deixar mais “divinos”, bem à semelhança de Deus Pai.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – outubro/2023
QUEM É O VERDADEIRO PROTAGONISTA DA HISTÓRIA?
Nossa Igreja vive tempos desafiadores. Mais do que nunca, tanto nós, sacerdotes, quanto os leigos, precisamos mais do que estar atentos aos movimentos que se apresentam em nossa sociedade e em nossa Igreja, alimentarmos a fé em Deus.
Cheguei a São Paulo no início dos anos 1980, enviado pelo Bispo da Diocese de Macapá, Dom José Maritano, para estudar filosofia na faculdade Associada do Ipiranga (FAI). Ao mesmo tempo, dois sacerdotes, Padre Fúlvio Giuliano e Padre Fernando, que trabalhavam na Diocese de Macapá, aproveitaram a minha vinda e queriam que eu conhecesse de perto a experiência do Movimento Católico Comunhão e Libertação, do qual participavam.
O Brasil vivia o auge da influência da teologia da libertação e, apesar de estudar filosofia, eu sentia já a influência dessa teologia no ambiente acadêmico filosófico. Ao mesmo tempo, o país vivia o final da influência dos militares no comando da nação e a volta das eleições diretas. Ou seja, o início dos meus estudos para me tornar sacerdote coincidiu com um período de nossa história extremamente politizado, e no qual me adaptei facilmente, tanto que, tão logo cheguei, passei a dirigir o centro acadêmico da faculdade de filosofia.
Vivendo intensamente o engajamento político, cheguei a achar que o motor da história era a questão política, e que poderíamos transformar o mundo simplesmente com o ideal humanitário. Minha sorte é que um dos questionamentos do Movimento era justamente essa visão da política como o lugar único da transformação da sociedade.
Assim, quando Padre Fúlvio veio de Macapá a São Paulo para um encontro com o Padre Luigi Giussani, fundador do Movimento Comunhão e Libertação na Itália, é que pude começar a perceber o equívoco dessa minha primeira percepção. Aquele encontro seria a oportunidade de eu contar ao Padre Fúlvio minhas primeiras impressões sobre o que estava acontecendo em São Paulo e que eu achava maravilhosamente revolucionário. Nem bem começou a conversa, Padre Fúlvio enumerou uma série de coisas que considerava fundamentais para a experiência de fé – e que botava abaixo toda a minha teoria. A primeira é que Deus nos amou primeiro, portanto, o protagonista da História é Ele; disse, ainda, que as coisas que almejamos só acontecem se a nossa ação for, antes de tudo, um reflexo do amor dele. Como exemplo, citou o salmo 126: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem”.
Lembro-me muito bem do tamanho da minha decepção com a posição daquele santo sacerdote. Não apreciei muito ser contrariado em minha certeza de que o protagonista da História era o ser humano consciente. No entender do padre Fúlvio, para ser protagonista, o ser humano deveria necessariamente refletir o amor de Deus na sua ação no mundo. Enquanto eu insistia no poder da consciência política, ele defendia a fé em Deus como fundamental para mudar o curso da História.
A questão sobre quem é o protagonista da História, o homem ou Deus, segue como parte das minhas reflexões até hoje. É possível um mundo novo apenas com uma consciência nova do homem ou a fé é indispensável? A cada momento, vejo os sinais como respostas – naquele momento, padre Fúlvio foi o sinal do início do meu despertar. Mas houve outros importantes insights.
Certa vez, realizei um batismo de um adulto que estava com uma doença grave. Estava na iminência da morte e pedia o batismo. Naquele momento tão crucial, me confessou sua dúvida: bastava a ação boa do homem para ganhar o Céu? Bastaria ter dedicado toda a vida à mulher, às filhas? Bastaria ter trabalhado honestamente e ainda ter participado da Igreja? Isso bastaria para a sua salvação? Na inquietação – e certamente tocado pelo Espírito Santo naquele momento tão decisivo – resolveu pedir o batismo, sem dúvida necessário à sua salvação.
Em um encontro dos movimentos eclesiais com o Papa, em Roma, em 30 de maio de 1998, Padre Giussani me deu mais um testemunho: “O verdadeiro protagonista da História é o mendicante: Cristo mendicante do coração do homem e o coração do homem mendicante de Cristo”.
Por isso, sempre fico muito feliz ao ver o que acontece em Santa Generosa. Aqui somos o que Padre Giussani disse: mendicantes. Todos os dias, de segunda a segunda, são celebradas muitas missas; temos um horário amplo de confissões, e importantes momentos de adoração e bênção do Santíssimo; realizamos visita aos doentes nos hospitais; temos a catequese de adultos e de crianças; vários são os grupos de movimentos e pastorais. Em meio às nossas inquietações, em meio aos desafios por que passam a sociedade e a nossa Igreja, em meio a todo o rebuliço para nos afastar dos ensinamentos do Evangelho, precisamos implorar a companhia de Deus, pedir-Lhe que aumente a nossa fé e que continuemos mendicantes de suas graças, de sua bênção.
Deus nos amou primeiro, portanto, é Ele o protagonista, o verdadeiro construtor da História. Nossa capacidade de construir o que quer que seja se potencializa pela fé e ao nos tornamos reflexo do seu amor e instrumentos de suas mãos.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – setembro/2023
SANTA GENEROSA CONTINUA A SE MOVER “POR MAIS UMA ALMA”!
Nossos paroquianos e as pessoas de passagem pela nossa calçada se acostumaram a ver a Paróquia Santa Generosa sempre de portas abertas. Nem sempre foi assim. Quando aqui cheguei, no final de 2015, eram celebradas apenas duas missas, uma pela manhã e outra no final da tarde. A igreja permanecia aberta das 7h às 10h30, e das 14h30 até o término da missa das 18h30. É bom lembrar que Padre José Mayer Paine tinha, então, mais de 90 anos.
Tão logo cheguei, observei o potencial da Igreja, situada em uma região de significativo movimento. Com alguns amigos e paroquianos, entre eles a Maria Angeles, então secretária particular de nosso querido pároco, iniciamos um trabalho de convencimento para ampliar o horário de Santa Generosa. Foram muitos argumentos contra e a favor, porém, um deles, imbatível, surtiu o efeito que esperávamos: E se com a abertura por maior período ganhássemos uma alma para Deus? Diante dessa possibilidade, o nosso querido Padre José não titubeou, e autorizou a abertura contínua da igreja de manhã até a noite. Não demorou muito e foi instituída mais uma Santa Missa, a do meio-dia.
Esse mesmo argumento continua a nortear nossas iniciativas. “É por mais uma alma” que Santa Generosa tem mais de doze horas de confissões aos domingos, e horário estendido durante a semana; cinco missas diárias e as oitos dominicais; e agora já programando a nona missa às 21h aos domingos. “É por mais uma alma” que instituímos a série de procissões com o Santíssimo por nossas ruas e hospitais na primeira sexta-feira do mês, e as procissões em ocasiões especiais, como a vinda da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. “É por mais uma alma” que, em 17 de julho, dia de nossa padroeira, realizamos cinco procissões ao final de cada missa.
É também “por mais uma alma” que nos empenhamos em buscar soluções para vários problemas. Vamos a um deles: temos em nosso território oito hospitais e, apesar de responder positivamente a todos os pedidos que nos chegam, sabemos que muitos enfermos não solicitam os serviços de Unção, Confissão e Comunhão. Isso se deve, talvez, à dificuldade de fazermos conhecer o apostolado voltado às pessoas hospitalizadas e, também, à crença das pessoas que pensam que só se deve chamar o padre quando se está à beira da morte, como se o enfermo não precisasse da Unção para se curar e enfrentar a doença na certeza da presença de Deus na sua circunstância. Nosso ideal é atender a todos os enfermos e a quem tiver um mal mais grave, com os sacramentos necessários à sua recuperação, como a própria Unção, Confissão e Comunhão diária enquanto estiver internado.
Outra preocupação é a grande ausência de idosos nas missas desde o início da pandemia, que se justifica por medo da doença ou porque perderam o costume. Muitos não se confessam nem recebem a Comunhão há pelo menos três anos. Parece que a igreja não se preocupa com essa situação, pois não se houve falar sobre esta realidade dramática. Em Santa Generosa, pensamos em várias soluções, uma delas é a Cruzada Eucarística, cujo objetivo era levar a comunhão a todos os idosos que nos solicitasse. Chegamos a formar bom número de ministros da Comunhão, mas o projeto não foi adiante, pois não houve procura por parte dos idosos da comunidade.
Ainda “por mais uma alma”, criamos a catequese de adultos, que se destacou a partir da pandemia. Antes, tínhamos um pequeno grupo presencial; com a pandemia, começamos a catequese online, e encontramos um número imenso de adultos desejosos de receber os sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Crisma e Primeira Comunhão. Hoje a paróquia atinge perto de 250 sacramentos de adultos por ano. Na catequese infantil, criamos neste último ano a Catequese do Bom Pastor, para idades de 3 a 12 anos, que serve de base para atingir tantas crianças em nossa Paróquia, além da catequese tradicional de Primeira Comunhão, que continua firme.
“Por mais uma alma” fizemos um projeto de ampliação da estrutura da paróquia; enviamos ao Cardeal Dom Odilo o projeto de reforma das salas de catequese e criação de novos salões; e propusemos a uma construtora a troca do terreno da Rua Tomás carvalhal por uma grande área construída para a igreja; esse projeto, após anos de discussão, está nas mãos de autoridades religiosas para a aprovação.
O último desafio para salvar as almas certamente é a questão da caridade com os mais necessitados. A paróquia apoia tantos projetos, como o das irmãs da Toca de Assis, com a venda de biscoitos nas missas dominicais; a iniciativa das Damas da Caridade, com a doação de cestas básicas a famílias carentes; os vicentinos, com o presente de natal das crianças pobres! Nosso grande desafio, no entanto, é a Missão Belém, que já conta com o bazar de roupas usadas, aberto diariamente no pátio da casa paroquial. Queremos ajudar a Missão Belém na construção de um prédio de dezenove andares próximo à estação do metrô Belém, que deve abrigar e cuidar de duzentos doentes em estado mais grave; hoje, a Missão já cuida de setecentos doentes. Não custa lembrar aos paroquianos que tragam roupas para alcançarmos nosso objetivo, que é dobrar a ajuda atual.
Que o Padre José interceda por nós em nossa luta para ganharmos mais e mais almas para o Céu, como ele fez ao longo de sua vida.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – agosto/2023
FESTA DE SANTA GENEROSA
Em 17 de julho comemoramos a festa de nossa Padroeira, Santa Generosa. Este ano teremos oito missas e várias procissões, e o atendimento às confissões será ampliado: das 7h às 20h. O relato do martírio de Santa Generosa está em um documento denominado “Processo dos Mártires Scilitanos”. Na época, governava a Igreja Católica o Papa Santo Eleutério (174-189); na sede episcopal da cidade de Cartago estava Santo Agripino; e o imperador em Roma era Aurélio Cómodo, um jovem de 19 anos, vaidoso, frívolo, cujo prazer era ver os cristãos na boca dos leões.
O martírio se deu no dia 17 de julho do ano de 180, quando foram presos doze fiéis no burgo de Scili, e levados a Cartago para serem julgados por serem cristãos. Compareceram à sala de audiências: Esperato, Natzalo, Citino, Donata, GENEROSA, Secunda, Januária, Vetúrio, Felix, Acelino, Letâncio e Vestia. O procônsul Saturnino ainda tentou convencer o grupo de cristãos a jurar pela divindade do Imperador e, assim, obter o perdão. Todos eles disseram que queriam continuar cristãos: “A ninguém tememos, a não ser ao Senhor nosso Deus, que está no Céu. Nós conhecemos o verdadeiro Deus, o verdadeiro Imperador dos povos.” Diante de tão clara e direta confissão, o procônsul sentenciou: “Ordeno que sejam lançados no cárcere, pregados em cepos e decapitados por declararem-se cristãos e recusarem-se a tributar honra e reverência divina ao Imperador Aurélio Cómodo”.
Foi assim que juntos receberam a coroa do martírio. Ao ler a narrativa do Actae Martyrum (Jornal dos Mártires), a impressão que se tem é que foram revestidos de uma coragem sublime bem acima das forças humanas. Assim cantamos o seu hino: “Do martírio sangrento da arena, junto ao trono de Deus foi viver, Generosa de aromas divinos, abençoai-nos, ó nossa Padroeira. Amém!”
Generosa e seus companheiros mártires reconheciam o imperador que os governava, apenas não aceitavam prestar-lhe culto, pois não era uma divindade. Queriam simplesmente dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Apesar de pouco conhecida, Generosa é uma santa atual. Também nós somos incitados a prestar culto a vários deuses, a aceitar um estilo de vida determinado pela mentalidade mundana. Como driblar esse apelo e testemunhar Deus ao mundo com o mesmo ardor que levou Generosa ao sacrifício? Quando formos capazes de reconhecer que pertencemos a um Deus que nos fez e que quer nos tornar cidadãos de outro mundo neste mundo. Como Santa Generosa e seus companheiros mártires, a única força que dispomos é reconhecermos o mistério da presença de Deus em tudo o que fazemos no cotidiano.
A Paróquia Santa Generosa tem o desafio de ajudar os cristãos a levarem uma vida intensa sacramental; por isso, todos os dias de semana temos cinco missas, várias horas de confissões, exposição do Santíssimo, procissões, atendimento aos enfermos nos hospitais, etc. Na companhia de Cristo, a vida se torna uma verdadeira aventura, e podemos experimentar a potência do amor infinito de Deus por nós, como experimentou Santa Generosa.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – julho/2023
O SENSO RELIGIOSO, O QUE É?
O senso religioso é uma dimensão própria do ser humano que se expressa na busca por um significado para a vida em torno da pergunta de o porquê da dor e do sofrimento, no desejo de verdade, felicidade, beleza e justiça. A pessoa tem consciência de que está viva, anseia por um ideal e, por isso, ela existe, diferentemente do animal que apenas vive. Por isso, nos interessa conhecer melhor o senso religioso, porque por meio dele existimos, somos humanos. O senso religioso ou a experiência religiosa é um fenômeno objetivo, um fato real, não é uma ideia ou um sentimento, mas é o fato mais importante e inextirpável da história do homem. O senso religioso é um acontecimento que dá sentido a todo o tipo de relacionamento, seja o relacionamento entre um homem e uma mulher ou o relacionamento entre um pai e um filho.
Segundo o Pe. Giussani, fundador do Movimento Comunhão e Libertação, Deus colocou o ser humano no mundo cheio de desejo de felicidade, justiça e verdade. Para que a pessoa humana possa conhecer verdadeiramente a realidade, um amigo ou a si própria, precisa ter um método de conhecimento, sendo a primeira premissa desse método o realismo. Para explicar o realismo, citamos Alexis Carrel, que afirma que “Pouca observação e muito raciocínio conduzem ao erro. Muita observação e pouco raciocínio conduzem à verdade”. Nós vivemos numa época de ideologias na qual, em vez de apreender a realidade em todos os seus dados, construindo sobre ela, procuramos manipular a realidade segundo a coerência de um esquema fabricado pelo intelecto: “assim, o triunfo das ideologias consagra a ruína da civilização”.
Para conhecer adequadamente um objeto, é preciso que o método de conhecimento seja ditado pelo próprio objeto, não pode ser definido por mim. Ora, que tipo de fenômeno é a experiência religiosa? É um fenômeno que diz respeito ao ser humano, logo, o senso religioso diz respeito à pessoa, então o método para conhecê-lo é uma reflexão sobre a própria experiência, e, assim, propõe ao homem uma investigação sobre si mesmo, uma investigação existencial.
Convidamos você para conhecer realmente quem é o homem, sem se tornar escravo das ideologias que nos cercam e, assim, entender qual a sua consistência verdadeira e quem pode realizar o seu desejo de felicidade e verdade, que cada pessoa encontra na sua vida. Esse é o desafio que queremos lhe propor com a leitura e reflexão sobre o livro “O Senso Religioso” do Padre Luigi Giussani.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – junho/2023
“IDE PELO MUNDO INTEIRO E ANUNCIAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA!”
Que maravilha o mandado de Jesus aos seus discípulos antes de subir aos Céus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16, 16). Que maravilha quando lhes garantiu a sua presença através de vários sinais que acompanhariam a sua missão: “Quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles serão curados.” (Mc 16, 19).
Mais de dois mil anos de história e o mandado de Jesus aos seus discípulos chega até nós por meio dos sucessores dos primeiros apóstolos. Eles tinham Pedro como referência e, hoje, pela sucessão apostólica, essa determinação chega até nós por meio do Papa Francisco e dos bispos espalhados pelo mundo.
Sempre me questiono sobre quais são os sinais que acompanham a experiência missionária que eu, Padre Cássio, estou vivendo na Paróquia Santa Generosa. A primeira experiência que observo como sinal da presença de Jesus entre nós é a abundante misericórdia que tem sido derramada sobre todos nós através do sacramento da Confissão.
Desde muito cedo, aprendi com minha querida mãe, Maria de Lourdes, a apreciar a Divina Misericórdia. Era impressionante a sua capacidade de nos perdoar. Reconheço que, quando criança, meus irmãos e eu merecíamos uma correção mais dura, e ela nos perdoava sempre. Aprendi, confesso, que bastava segurar sua mão na hora da merecida punição por dez segundos que sua indignação e o desejo de nos punir por nossas travessuras iam se esvaindo.
Desde que me ordenei sacerdote, em 1988, Deus foi me dando os sinais do que queria do meu ministério. Ficou muito claro que o sacramento da Confissão era um deles, tanto que me impressionou a experiência vivida na Itália quando lá fui estudar “História da Igreja” (entre os anos de 1995 e 2000). Durante os tempos do Advento e da Quaresma, os padres promoviam grandes mutirões de Confissões. Lembro-me bem que em cidades pequeninas, de pouco mais de dez mil habitantes, ficávamos de três a quatro dias disponíveis para ouvir Confissões. Era fila que não acabava mais.
O mesmo aconteceu quando fui designado para trabalhar em uma paróquia em Roma – enquanto eu atendia as Confissões dos fiéis que não paravam de chegar, outro sacerdote celebrava as Missas. Diante desse fenômeno, fiquei intrigado: por que na Itália temos tantas Confissões e no Brasil não?
Santa Generosa é o lugar onde está se realizando esse grande sinal da presença de Jesus, que é a misericórdia divina. Ele continua a nos dizer o que disse dois mil anos atrás ao paralítico: “Para que saibais que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, levanta-te e anda…” (Mc 2, 10-11). E a multidão admirava-se porque Deus tinha dado ao homem o poder de perdoar os pecados.
Hoje, com outros sacerdotes, atendemos a mais de seis horas de Confissões todos os dias e, aos domingos, das 8h da manhã às 20h30 da noite. Vejo todos os dias as graças de Deus acontecendo na vida das pessoas que vêm se confessar. Não me canso de dar graças por esta grande misericórdia, pois a Confissão é bênção tanto para quem se confessa quanto para o confessor.
Quem quiser apreciar a maravilha da misericórdia divina basta passar em Santa Generosa e ver a fila da Confissão que se forma todos os dias. E, quem sabe, se não for um confessor assíduo, se anime a entrar na fila e a se confessar também. Como uma amiga me disse dia desses: “Esta fila nos leva ao Céu”.
A segunda experiência que me tocou profundamente foi que aprendi a praticar em Santa Generosa a atenção com os doentes. Poucos sabem que, quando jovem, desejei ser padre camiliano. Admirava-me a entrega total de São Camilo ao trabalho com os doentes em um tempo de peste, ariscando a própria vida. Mas na mesma época desse entusiasmo vivi a experiência de acompanhar meu pai doente. Ele quase veio a falecer, e fiquei muito tocado com o ambiente pesado e triste dos hospitais.
Mas quando cheguei à Santa Generosa, me vi diante da missão de atender os doentes dos oito hospitais que circundam a paróquia. Cresceu em mim um grande amor aos doentes, mais um sinal claro da presença de Jesus. Admiro-me da força com que Deus me revestiu para vencer o abatimento e a tristeza ao ver o sofrimento e a dor dos enfermos. Dedico-me a visitar os hospitais pelo menos três horas diárias. Aprendi a ver no sofrimento uma grande ocasião de encontro com o Senhor.
O mandado do Senhor não é apenas para o sacerdócio; é para todos os leigos batizados: “Ide ao mundo inteiro e anunciai o Evangelho” (Mc 16, 16). Em qualquer lugar, em qualquer profissão, como você está cumprindo essa determinação? Você reconhece os sinais da presença divina no trabalho, na família, na escola? O que você tem conseguido extrair todos os dias desse maravilhoso encontro com Deus e com o outro?
Muitas vezes, ficamos indignados com toda a confusão e balbúrdia do mundo de hoje, mas eliminamos o ímpeto missionário que devemos ter como cristãos batizados! Conformamo-nos com a nossa fé como se fosse um consolo para a nossa vida, e não lugar de anúncio para uma nova vida para os homens e mulheres do nosso tempo.
Peçamos a Deus que nos dê a graça de responder positivamente aos mandados de Jesus e ao que o Papa São João Paulo II, no discurso ao Movimento Comunhão e Libertação, proclamou: “Ide por todo o mundo levar a verdade, a beleza e a paz, que se encontram em Cristo Redentor”.
Pe. Cássio Carvalho
Informativo Mensal da Paróquia – maio/2023